Moda, Cinema e TV [espelhos?]

Entendo moda como um fenômeno mais complexo que o simples vestir-se, ela reflete a sociedade e espelha o ser humano (BRAGA, 2007).

A moda funciona como um reflexo dos grandes acontecimentos da humanidade, com suas revoluções científicas, sociais, culturais e tecnológicas que interferem nos gostos e nos comportamentos das pessoas.

“A moda está muito mais relacionada a um conjunto de fatores, a um sistema de funcionamento social, do que especificamente às roupas, que são apenas a ponta do iceberg” (POLLINI. 2009, p. 17).

Dito isso, e tendo o cinema e a TV como uma vitrine das transformações sociais, posto que sua característica inicial era a narração de histórias e acontecimentos; é que não podemos descartá-los como importante fonte de pesquisa de moda e. apesar do figurino, de início, não possuir grande importância; com o tempo, os signos e significantes que ele carregava e que determinavam seu valor social, foi acarretando o convite ao sonho de consumo.

Consumia-se não apenas os figurinos, mas o comportamento divulgado pelos grandes filmes e publicidade televisivas.

Até mesmo nos dias atuais é possível ver essa influência mutua, como por exemplo, quando no ano 2000 surge na TV brasileira a figura do reality show, com a estréia de No Limite, inaugurando uma cultura de formação de celebridades instantâneas e temporárias, que continuariam a surgir com programas como Big Brother, Ilha da Fantasia e Casa dos Artistas, entre outros, influenciando talvez no comportamento atual direcionado ao exibicionismo através de instrumentos como o youtube, orkut, myspace, e twitter.

Observar as produções cinematográficas pra entender e desvendar as tendências e gostos é ainda mais importante. Quem não lembra dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001? Não obstante ao terror que envolveu aquele ano, o comportamento e os gostos ocidentais não clamavam propriamente pela paz e sim pelo combate armado ao terror, enaltecendo os atos de heroísmo, o que refletiu na produção cinematográfica dos anos subseqüentes.

Coisa de louco. Mas nem o maluquismo Coringa poderia prever a reviravolta sofrida pelo gosto médio americano – e mundial – após a tragédia de 11 de setembro. Quando todos esperavam uma volta aos filmes pacíficos, o primeiro Homem-Aranha estourou as bilheterias, motivando a produção de mais e mais tiros e explosões (CHAGAS, 2005, p. 118).

Outro exemplo disso, em uma realidade mais tupiniquim, foi o que aconteceu com a produção cinematográfica brasileira depois que Sandro do Nascimento seqüestrou o ônibus 174, no Rio de Janeiro, que acabou em tragédia e provocou a antecipação do Plano Nacional de Segurança e que no ano de 2008 virou uma produção do cinema brasileiro, que durante os últimos anos teve bastante inspiração nos conflitos sociais da periferia do Rio de Janeiro, refletindo a insegurança das pessoas por meio da sétima arte nos anos que se seguem.

Mas voltando a questão do figurino, como essas questões e histórias expostas na mídia refletem na maneira de vestir das pessoas? Quem assistiu as recentes semanas de moda deve ter observado uma influência vinda de filmes recentes, como, por exemplo, Black Swan em sapatos bailarinas e roupas inspiradas nesse universo da dança. Isso vem ocorrendo há muito tempo. Na década de 50, se você usava um vestido Givenchy você não era uma simples diva do cinema, você é a Audrey Hepburn usando um vestido da marca enquanto come uma rosquinha e olha a vitrine da Tiffany's.

Isso acontece porque a mídia e a moda tem um ponto em comum: são vendedores de sonhos.

Assim o cinema e a TV tem sido uma vitrine a cada dia mais almejada pelas grandes marcas.

REFERÊNCIAS:

BRAGA, João. Historia da Moda: uma narrativa. 7. ed. São Paulo: Editora Anhembi Morumbi, 2007.

CHAGAS, Luiz. O boom dos quadrinhos. In Isto É. São Paulo: Editora Três, 7 de julho de 2005.

POLLINI, Denise. Breve História da Moda. São Paulo: Editora Claridade, 2007.